quarta-feira, 18 de maio de 2011

LBD_Late Bottled Dinner #1

Sexta-Feira 13 (acho que nenhum dos bebedores se lembrou do facto), Douro Valley, mais precisamente planalto Alijó/Favaios, desde as 18h, cozinha em polvorosa, o cardápio seria o seguinte: um delicioso patê mistério (by Ângela Sobrinho), aquela referência que já é o caldo verde com hortelã da Maria, peixe à provençal (créditos à Teresa Domingues) com arroz de coentros e batatas confitadas com cenoura tostada (by Carlos Soares), e para dessert uma bela mousse de chocolate com petitas de morango (by Carlos Soares)...Mas vamos ao que interessa, pois, como diria Alexandre Dunas, "O vinho é a parte intelectual de uma refeição. As carnes [in casu, o peixe] e os legumes não são mais do que a parte material." Assim, os convidados-estrelas da noite foram o Velha Geração Grande Reserva 2005 (Douro) e Alvor Reserva Tinto 2007 da Quinta do Morgado da Torre (Algarve)...

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Velha Geração Grande Reserva 2005 (14,5%)_D`Origem


Inicialmente, este vinho (que resulta da conjugação das castas Touriga Franca, Tinta Roriz e Touriga Nacional) não era para ter sido ´convidado` para o repasto, mas em boa hora veio. A expectativa era grande...e ele não desiludiu.

Ao olhar apresentava já algumas tons de evolução: ao ruby de base juntavam-se laivos violeta, sendo perceptível uma marcada auréola a fugir para o tijolo com o copo exposto à luz.

Ao ser cheirado inspirava-se imediatamente uma muito boa madeira, harmonicamente integrada e a permitir, com o tempo, o emergir da fruta, já passa (pense, ou se tiver à mão, leve à boca passas de uva...), de uma intensa baunilha (conferida pelo contacto com a barrica) e alguma especiaria.

Na boca, boa entrada, com volume de boca médio, com alguma elegância, revelando uns taninos (se bem que não completamente domados) amaciados (o tempo em barrica permitiu que os taninos se tornassem menos violentos, não originando aquela sensação de aspereza, que a miúdo focamos, mas antes um certo carácter aveludado, macio), e com muita boa acidez. O final é longo (o vinho demora-se a desaparecer da parte de trás da boca), se bem que um nadinha amargo.

Preço: 15


Alvor Reserva Tinto 2007 (13%)_Quinta do Morgado da Torre


Um vinho do Algarve (que emerge das núpcias das castas Trincadeira, Syrah e Cabernet Sauvignon). É verdade, para além do Sol, dos campos de golfe, praias (ai a praia da Ilha de Tavira...), das mariscadas (relembro aqui a do último Verão, noite adentro com a ria de Faro como pano de fundo), das noites cheias de gente bonita (obviamente não estou a incluir os ingleses!), parece que o Algarve também produz vinho...parece não, produz mesmo e a prova está aqui!

Ao olho, apresenta-se algo evoluído (sobretudo tendo em conta a sua ´idade`), revelando já algumas nuances Tijolo ou mesmo castanhas. 

No nariz, inicialmente, algum café, muita manteiga e chocolate (proveniente da barrica), evoluindo rapidamente para a fruta passa e para algum melaço.

Na boca, muito redondo, macio, elegante mesmo, revelando toques de pimenta (a que não será alheia a Cabernet). Apesar da relativamente interessante entrada de boca, o vinha cai um pouco, revelando-se demasiado plano (entra e sai da boca muito rapidamente) e com um final muito curto (na sequência da nota anterior, não persiste na boca). De salientar que não nos foi fácil abstrair do álcool, parecendo-nos que o vinho necessitaria de um pouco mais de corpo.

Preço: 12,60€
Nota de Prova: Este blog mesmo com cara nova persiste em vícios antigos...não dá notas! No geral, e no que ao Velha Geração concerne, podemos dizer que correspondeu inteiramente às expectativas, revelando-se um tinto muito interessante, elegante, sem bem com um inegável (e não pouco atractivo) carácter Duriense. Muito bom e que, segundo julgamos, ainda pode melhor com mais tempo em garrafa!
Já o Alvor se revelou uma surpresa bastante agradável. Embora seja um vinho muito menos complexo que o Velha Geração, diríamos mesmo que é um vinho fácil (desses que parece recolher a preferência do mercado), é de salientar o nariz muito fino e a elegância com que se oferece à boca! Dá prazer em beber, sobretudo a solo (sem o acompanhamento de pratos)!

Antes de terminar, uma palavra a todos os que nos deram o prazer da sua companhia nesta prova, o grande Daniel Reis (que tem feito bonito, espalhado magia até, sempre que o vinho é chamado à colação), à Ângela Sobrinho, não só pelo patê e não só pela promessa do ansiado Sobrinho Vintage com mais de 30 anos, mas por se revelar uma conviva de excelência e uma apreciadora certeira (para além de nos ter prazenteado com aquele que é o Vinho da Casa esta semana: Post Scriptum 2008), à Vanessa Barbosa Novo, pelo Velha Geração, e por se estar a iniciar neste mundo, revelando sempre muito interesse (brevemente brilharás!), à Maria, pelo caldo verde, por ser uma apreciadora distinta (e também por ter dado nova cara a este blog), à Paula, ao César e a Liana (que embora não tenha bebido, animou sobejamente o repasto).

Nota: Foram ainda bebidos o Post Scriptum de Chryseia 2008 e o Quinta da Pacheca Reserva Tinto 2007, dos quais daremos notícia em breve!

3 comentários:

  1. :) Tu sabes muito sabes... :) o paté mistério que é para veres se eu te dou a receita, mas daqui não levas nada!! Gratíssima pela companhia e pelas boas iguarias confeccionadas pelos maîtres em acção nessa noite, estou eu. A minha mãe (e eu) pedimos encarecidamente a receita do arroz de coentros fazfabori. Velha Geração: surpresa muito boa! Esse e o Post Scriptum fizeram valer a prova, lamento mas não partilho de boas opiniões quanto aos outros dois, mas gostos não se discutem meus caros. Fico à vossa inteira disposição para mais um repasto - desta vez comigo a confeccionar refeição! - e mais umas provas das boas! O produtor dos vinhos "Alta Pontuação" gostava de saber se estais interessados em fazer uma prova e review aqui dos vinhos dele? ;) E parabéns à designer do novo visual, e a vós pelas boas apreciações vinícolas aqui deixadas aos devotos de Baco.

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  2. Confesso que não tive a oportunidade - ou disponibilidade? - para provar todos os vinhos mas recordo-me perfeitamente que apesar de o Alvor na boca não se enquadrar no perfil de néctares que aprecio, no nariz é absolutamente 'delicioso'. Aproveito a oportunidade para deixar uma sugestão: na sequência desta prova podemos comprovar que diferentes copos de vinho fazem sobressair diferentes características, deste modo, gostaria de ver retratado aqui no blog este assunto - peço encarecidamente. Acho que seria interessante provar o mesmo vinho em vários copos diferentes e 'anotar' que caraterísticas se elevam - ou se ignoram - em cada um.

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  3. @Angie:Tu já ofereceste a receita, em troca da do arroz de coentros!:)Faremos a apreciação aos demais vinhos da noite em breve!Parece que este blog tem feito doutrina, é exactamente isso...gosto é gosto!Quando quiseres, embora a nossa agenda ande assim um nadinha apertada!Estamos à disposição do produtor, e teremos tudo o gosto em provar os vinhos dele, ele que nos contacte ou que fale contigo!Volte sempre!:)

    @Maria:Realmente, o nariz do Alvor era muito elegante e rico, uma beleza...Quanto à questão dos copos é realmente um campo a explorar, mas nós queremos manter uma certa simplicidade e não é fácil passar a mensagem para as pessoas que não participam (in loco) nas provas...Mas sim, é um campo interessantíssimo, e que participou nesta última pôde constatar que copos diferentes originam nuances diferenciadas!Obrigado pela sugestão...

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