segunda-feira, 11 de julho de 2011

Garrafeira FMI #1


E aqui estão as primeiras provas da, por nós, denominada Garrafeira FMI (ou FEMI, no dizer do novo habitante de S. Bento). Pretendemos, sob esta chancela, abordar vinhos até 5€, quase sempre entradas de gama, é dizer, o vinho mais despretensioso e acessível dos produtores. Muitas das referências são por nós desconhecidas, e estamos a bebê-las pela primeira vez, pelo que o intuito não é tanto compor uma verdadeira garrafeira, mas antes dar a conhecer (e descobrir) bons vinhos a muito bom preço. Este é o contributo do Wine Of Us para esse desígnio nacional de contenção da despesa (para além do contributo de sempre: a ajuda que prestamos aos bons do lavradores no escoamento dos seus produtos!).
Nesta primeira prova foram bebidos 4 vinhos de 4 regiões distintas, pelo que não se deve ver aqui um comparativo, mas uma abordagem individual a cada um nos "néctares". Hope you enjoy...
A prova teve lugar na belíssima Vila de Favaios (Capital do Moscatel e morada desse aperitivo por demais conhecido: o Favaíto),  sendo que mais uma vez o Mário André Gonzaga nos recebeu como só ele sabe. Para além dele, estiveram ainda presentes o Nuno Carvalho, que se revelou um autêntico master chef nos grelhados,  o Fernando Novo, e a Maria.

Nopa Branco 2009 (11%)

A prova começou com um desconhecido, este Nopa Branco 2009 (Wine Vision) da região dos vinhos verdes
Servido à temperatura de 13º graus (já fora do costumeiro intervalo 8-12 para brancos novos, mas que não se revelou prejudicial) mostrou-se quase incolor, se bem que agitando o copo sempre fosse revelando alguns reflexos amarelados.

No nariz muito sulfuroso (diríamos para consultarem o Decanter Linguístico, mas a esta altura já todos sabemos o que é o sulfuroso), algumas notas de evolução e uma assinalável falta de frescura (para o que se é de esperar de um vinho verde).

O exame de boca não foi muito mais feliz: algum açúcar residual a dar uma entrada e meio de boca mais gordinho (e doce), mas igualmente com muito sulfuroso, bastante metálico e a escorregar para um final magro onde se detectou sabor a ovo (como se estivéssemos a comer gema de ovo, embora com muito menor intensidade).

Nota de Prova: Este blog não dá notas, não é nenhuma Moody`s! Mas sempre podemos dizer que este foi o vinho que menos satisfação deu aos bebedores.

Preço: 3,19€ (no Jumbo)


Tons de Duorum Tinto 2009 (13,5%)

Embora já fosse conhecido de alguns bebedores, este Tons de Duorum foi, talvez, o vinho mais apreciado da noite, tendo arrancado uma curiosa afirmação ao Fernando Novo: "Gosto deste, não sabe muito a vinho" (o vinho não faz efectivamente parte da preferências do Fernando, o que constituirá mais um ponto a favor deste Tons). Este Tons é o irmão mais novo Duorum (expressão latina que significa "de dois": por ser um projecto de dois enólogos (os aclamados José Maria Soares Franco e João Portugal Ramos) e com uvas provenientes de dois terroirs distintos (ambos do Douro, Cima Corgo e Douro Superior), constituindo pois a entrada de gama da Duorum Vinhos.

Foi servido à temperatura de 17º graus e apresentou uma bonita cor ruby (não demasiado carregada).

No nariz muita fruta vermelha (fresca), como morangos, framboesa, e um toque verde (quase herbáceo) a conferir ainda mais frescura ao vinho. A madeira está muita bem integrada e é daí que lhe vem a baunilha e um toque de especiarias.

A entrada de boca é feita sem grande alarde, meio de boca médio, sem grande volume, mas muito elegante. O final é algo magro e amarga um pouco (talvez os taninos ainda estejam muito jovens). Assinale-se ainda a muito  boa acidez.

Nota de prova: Este blog não dá notas, não é nenhuma Moody`s e não se importa de o repetir! Este foi o vinho mais interessante da noite, aquele que mais agradou...Daí que não se estranhe o facto de ser o Vinho da Casa nos próximos tempos. Excelente relação preço/qualidade, a fazer ver a vinhos mais caros e pretensiosos (e o rótulo é também muito atractivo). 

Preço: 3,98€ (no Jumbo)


Boas Vinhas Tinto 2009 (13%)

Vinho da região do Dão, proveniente da Sociedade Agrícola Boas Quintas, projecto pessoal do enólogo Nuno Cancela de Abreu, nascido do casamento das castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro. Também um vinho em estreia absoluta, uma boa surpresa.

Servido à temperatura de 18,5º graus (diga-se que não estava quente) revelou uma intensa cor púrpura (quase opaco), o que poderia sugerir intensidade na extracção, mas note-se que os vinhos com presença de Alfrocheiro costumam ser carregados na cor.

No exame olfactivo muito mineral, um toque de bretta (aquela nota a couro, suor de cavalo, pano molhado, etc.), que se foi tornando mais ténue com o tempo, petróleo (sim, petróleo, como se cheira-se-mos alcatrão), e alguma fruta fresca no fundo.

Na boca muito elegante e mineral, com um meio de boca médio e o final um nadinha duro.

Nota de prova: Este vinho não dá notas, mas também não se vai pôr a repetir que não é a Moody`s (upssss)! Bom, sempre se pode dizer que este vinho nos agradou bastante, revelando certa elegância e uma boa relação preço/qualidade.

Preço: 3,29€ (no Jumbo)


Lusitano Tinto 2008 (13%)

O vinho do cavalo no rótulo e também, viríamos a descobrir, no próprio líquido.

Servido a 18,5º graus este vinho (da Ervideira Soc. Agrílola, Lda) mostrou intensa cor ruby.

No nariz revelou leves notas bretta (suor de cavalo, fazendo assim juz aos dizeres do contra-rótulo) frutos silvestres (amora, talvez) e fruta preta bem madura, e algum fumo revelado por uma madeira bem integrada.

Na boca a entrada é muito leve e magra a escorregar instantaneamente para o meio/fim de boca, revelando um final marcadamente metálico.

Nota de prova: Este blog não dá notas, não é nenhuma organização de terrorismo, perdão, Moody`s (e congéneres)! Consensualmente, o vinho pareceu-nos algo chato, não sendo mau (longe disso) não chegou a entusiasmar.

Preço: 3,98€ (no Jumbo)






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