sexta-feira, 15 de julho de 2011

Murganheira Malvasia Fina Bruto 2005

foto: google images

Sendo o primeiro espumante que provámos, depois da inauguração deste "tasco", achámos por bem deixar algumas palavras acerca dos pontos mais importantes a ter em  conta numa prova de espumantes (e champagnes). Isto porque, pese embora, a apreciação de espumantes envolva a consideração de caracteres sensoriais comuns aos demais vinhos, a presença de gás dissolvido e o seu possível envelhecimento em contacto com as leveduras de fermentação, confere-lhe propriedades únicas de evolução e apresentação (esta em como). Note-se que este é um breve tutorial, sendo que pretendemos aprofundar a questão assim que seja possível...mas já dá para "fazer bonito" numa prova de espumantes!

Comecemos pelo início. A temperatura de serviço ideal situa-se entre os 8-10 graus.
No copo, o primeiro olhar deve focar-se na espuma que se forma mal o espumante acaba de ser servido. Esta deve ser branca e deve diminuir lentamente até formar uma auréola, que será tanto mais visível quão melhor o espumante. 
O segundo olhar deve dirigir-se à bolha (que se quer enérgica) quanto mais fina e persistente melhor (imagine-se com um fino na mão, naqueles copos picados que dão aquele efeito que nos permite dizer que o "fino está sempre a trabalhar"), sendo que esta depende estrutura ou corpo do vinho base, da velocidade de fermentação em garrafa, do período de contacto com leveduras durante o envelhecimento e do tipo de copo, daí que a exigência de uma boa flut não constitua qualquer extravagância.
A cor dos espumantes dependerá também da cor do vinho base. Quanto aos espumantes brancos (podem encontrar-se também espumantes tintos e rosés) a sua cor varia entre o amarelo pálido, com reflexos esverdeados (correspondente a período de maturação inferior a um ano), passando pelo amarelo com reflexos rosados (a denunciar a presença de uvas tintas, sem que seja um rosé), chegando até ao amarelo, com reflexos dourados (período de maturação prolongado durante mais de dois anos).
No nariz deve apresentar-se absolutamente limpo. É inaceitável a presença de aromas desagradáveis que se tornam mais perceptíveis com a libertação de gás. Alguns defeitos evidenciados por alguns espumantes tem origem na má qualidade do vinho de base, cujas características se acentuam negativamente durante a fermentação. Os melhores espumantes, apresentam aromas a biscoito ou bolacha, pão, frutos frescos e secos, podendo apresentar também toques baunilhados (quando o vinho base teve contacto com madeira).
Na boca a espuma deve apresentar-se aveludada e a bolha deve rebentar crepitantemente na boca (quase como aquela sensação que tínhamos em crianças ao comer petezetas, lembram-se?). 

O que estivemos a provar é um bruto (ou seco, o que quer dizer que não é doce, sendo que a doçura depende o licor de expedição, podendo então ser meio-seco, pouco doce, ou doce).


Quanto ao Murgalheira Malvasia Fina Bruto 2005 (12,5%), mostrou-se com amarelo palha, muito claro, com uma bolha fina mas não muito persistente, sendo que a sua auréola (círculo que se forma no copo quando a bolha sobe) não era muito definida.

No nariz alguma levedura, muito pouco biscoito, e alguma fruta tropical (ananás).

Na boca entrada e saída muito metálica, provavelmente devido à acidez. Pouco fruta, pouco biscoito...algo cansativo. 

Nota de prova: Este blog, certo e sabido, não dá notas, dá-as o Pinto da Costa sempre que "surripia" um jogador ao benfica!:))) De uma forma geral falta de equilíbrio e de veludo exigido num espumante. Com efeito, procura-se no espumante o equilíbrio entre a sensação «crepitante» (presença de gás natural que se liberta na boca), o corpo (quanto mais pronunciado, melhor é a qualidade), a frescura (depende da acidez), a doçura (licor de expedição) e a riqueza de sabores...foi coisa que não encontrámos por aqui. Mas saliente-se que a Murganheira possui alguns espumantes que elevadíssima qualidade (a preços muito bons), com que já nos deliciámos variadíssimas vezes, sendo que falamos aqui (quase) de um entrada de gama.

Preço: 7,50€ 

P.S.: O Wine Of Us agradece a esse bebedor tão distinto que é o Mário André Gonzaga por nos ter convidado para esta prova.

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