QUINTA DO PÔPA ou UM NOVO EX-LIBRIS do DOURO

Quinta do Pôpa…Quinta do Pôpa…Quinta do Pôpa…Retenham este nome (e o bonito símbolo)!  de erigir este magnífico projecto sito no Douro, mas que brevemente, em nossa opinião, alcançará expressão nacional. A propriedade, cerca de 25 hectares (20 dos quais dedicados à vinha onde podemos encontrar um talhão de vinha velha com mais de 60 anos, e as castas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta

Amarela, Sousão) é lindíssima. Do alto da casa projectada para turismo de charme, confrontamo-nos com uma das mais belas e esmagadores vistas do Vale do Douro.  



 @ http://www.quintadopopa.com/pt/galeria/fotografias/



Os vinhos desta casa têm a chancela do Eng. Luís Pato, que dispensa apresentações.

TN 2007(13,5%)

Feito a partir de uma vinha nova (3-4 anos à data), este Touriga Nacional (TN) apresenta uma intensa cor ruby, a denotar a juventude do vinho e a intensidade das extracções.

No nariz não exibe os caracteres típicos da Touriga Nacional, sendo pouco floral, não sobressaindo a violeta ou as flores do campo (vide TN no marcador castas tintas), se bem que com o passar do tempo lá vão surgindo algumas notas de earl grey (o chá, cheire esse clássico chá Inglês), sobretudo bergamota, e algum fruto silvestre (mas em muito menor intensidade do que a que encontrámos em outras TN). Do estágio em barrica proveio uma agradável sensação de tostado e um toquezinho a couro, que lhe confere uma complexidade extra, num perfil, não nos cansamos de repetir, diferente do habitual para esta casta…o que é de louvar.

O exame de boca confirma o perfil diferenciado deste TN, com pouca violeta, muito cacau, pimenta e alguma fruta vermelha. Entrada de boca muito interessante, mas com um final que desejaríamos um pouco mais longo.

Preço*:15€

TR 2007(14,5%)

Este Tinta Roriz (assim denominado no Douro, sendo que no Alentejo recebe o nome de Aragonês, e de Tempranillo em Espanha) foi porventura o vinho que mais surpreendeu os comensais e o que maiores elogios granjeou (juntamente com o Vinhas Velhas). Já nos havia feito companhia na Essência do Vinho 2011, tendo confirmado as boas indicações deixadas então.

Ao olhar mostra uma carregada cor ruby.

Quando cheirado destacam-se as notas balsâmicas com chocolate (a fazer lembrar after eigth, sim o chocolate Inglês servido em saquetas de chá), fruta preta (talvez ameixa preta) e alguma cereja.

Na boca, muito equilibrada, não é cheio mas é profundamente elegante, com taninos redondos (sem aquele carácter adstringente ou áspero, como já sabemos do post anterior!), deixando ver a fruta preta, o balsâmico, o chocolate e um leve, mas perceptível, toque a café, com a madeira a aparecer muito bem integrada, num final algo curto mas muito guloso (dá vontade de estar sempre a encher o copo).

Preço*:20€

VV 2007(14,5%)

Este Vinhas Velhas (onde se casam as castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca) ostenta uma bonita cor ruby com alguns tons violeta.

No nariz imperam o chocolate, a fruta preta madura e alguma geleia, num perfil bastante atraente (talvez o que mais gostamos em termos de aromas)

Na boca confirma as sensações deixadas no exame olfactivo, derivando talvez o chocolate para o cacau (porque menos doce). Entrada de boca interessante, com médio volume, a queimar um bocadinho no final (sensação de calor transmitida pelo álcool). Madeira em perfeita harmonia, num perfil muito interessante.

Preço*:25€

TRePA 2007(13,5%)

Nascido das núpcias entre as castas Tinta Roriz (oriundas da Quinta do Pôpa) e  BAGA (da Vinha Pan, de Luís Pato), este TrePA(contracção de Tinta Roriz e Pan) apresenta intensa cor ruby.

No aroma, muito rico, frutos silvestres vários, uma particularmente interessante resina, e um leve baunilhado (corra para a cozinha e aspire os aromas que liberta uma qualquer essência de baunilha!).

Na boca confirmam-se as expectativas causadas pelo bom nariz, é dizer, os frutos, a resina, e uma mais intensa baunilha. Entra um bocadinho doce, mas revela-se muito equilibrado, com boa acidez e a madeira superiormente integrada.

 

Um vinho muitíssimo interessante, mais um que emerge do espírito de génio e irreverência de Luís Pato, a seguir atentamente.

Preço*:25€

*Preço de referência

Nota de Prova: Este blog não dá notas, e não se cansa de o repetir! Numa análise geral, e para além de tudo o que ficou escrito, podemos dizer que todos os vinhos bebidos mereceram o aplauso dos comensais, sendo que as estrelas da noite, em nossa opinião, foram o TR e o TRePA. O TN apresenta também um perfil muito interessante, e sobretudo marcadamente diferente, o que o torna muito apelativo. Do VV o que dizer? Um vinho superior, que só não terá sido ao clímax da noite porque quando se tem um vinhas velhas à frente a expectativa é sempre muito elevada, e as apreciações mais austeras...mas vale bem o preço!

Não deixem de visitar e apreciar as maravilhosas paisagens e, bem assim, tomar conhecimento da história (e bela homenagem) que se encontra por detrás deste esplendoroso projecto:http://www.quintadopopa.com/ ...Porque a maior riqueza do nosso Douro são as pessoas, e a história de amor que une essas pessoas a esta terra única...

Nota: A prova decorreu no restaurante Cêpa Torta by DouroGourmet (http://douro-gourmet.com/), que a breve trecho visitaremos e ao qual dedicaremos um post autónomo.