Touriga Nacional
A Touriga Nacional é hoje a grande casta (tinta) portuguesa, começando a granjear forte prestígio também no estrangeiro (EUA, África do Sul, Austrália e Brasil, para citarmos os mais expressivos). É efectivamente uma casta nobríssima, já que em condições, solos e climas díspares (por vezes agrestes) consegue frequentemente outorgar o seu carácter distinto, dando origem a vinhos de superior qualidade e forte personalidade. Cor intensa, aromas bastante característicos a lembrar flores do campo (violeta), amoras e arbustos silvestres, são as suas notas mais marcantes. Taninos de raça, robustos, poderosos mas elegantes, conferem-lhe grande capacidade de evolução em garrafa. Sem sombra de dúvida, uma casta belíssima.
Syrah
A Syrah (também conhecida por Shiraz, na Austrália e também na África do Sul) é uma casta distintíssima, de eleição. Apresenta notas (no nariz e na boca) a convocar frutos silvestres, framboesas, compotas e chocolate. É fonte de vinhos intensos, com grande concentração de cor, fruta, estrutura, potência e, simultaneamente, suavidade. Uma casta que nos agrada particularmente, pela enorme elegância que sempre confere aos vinhos.
Trincadeira
A Trincadeira (no Douro conhecida por Tinta Amarela) origina, sobretudo nas áreas mais secas e quentes, vinhos com boa concentração de cor e bastante frutados no nariz, com uma muito característica componente vegetal (a lembrar erva fresca); vinhos encorpados e com bons taninos, suaves mas sólidos, consentindo uma boa evolução em garrafa. O tempo faz-lhe bem (não é só ao Vinho do Porto), sendo que com o seu avançar os vinhos feitos com base em Trincadeira ganham nuances de compota, ameixa preta e especiarias (canela e cravinho).
Touriga Franca
A Touriga Franca, também conhecida por Touriga Francesa (apesar de ser uma casta praticamente desconhecida em França e de ter a sua origem em território nacional?), dá azo a vinhos muito expressivos, com notável concentração de cor e uma intensidade frutada muito invulgar, sendo que a frescura e elegância da fruta se mostram igualmente na boca, apresentando taninos finos e final persistente. É frequente vê-la conjugada com outras castas, sobretudo a Tinta Roriz ou a Touriga Nacional, castas estas que são importantes para conferir poder de longevidade aos vinhos, que a Franca solitariamente não assegura.
Tinta Roriz
Tinta Roriz (no Douro), Aragonês (no Alentejo), Tempranillo (Espanha), tudo denominações para esta casta nascida na região de Rioja e que há largo tempo se disseminou por toda a península ibérica. A principal característica dos vinhos em que entra reside na qualidade da fruta (por isso não se estranhará que há muito entre nos lotes de Vinho do Porto), que se detecta logo no nariz, muito limpo, sugerindo groselha, framboesa (nas zonas mais frescas), ameixa preta, compota e especiarias (nos pontos mais quentes). A Roriz origina vinhos encorpados, com taninos redondos mas consistentes, geralmente elegantes e pejados de fruto. Note-se que a sua qualidade está muito dependente do tipo de produção, devendo ser limitada para se obterem melhores resultados.
Cabernet Sauvignon
Talvez a casta mais famosa e prestigiada no mundo, mas também a mais generalizada/vulgarizada. Daí que, por um lado, as suas inquestionáveis qualidades lhe garantam presença nalguns dos melhores vinhos do mundo; mas, por outro (dada a maciça exploração), é também frequente encontrá-la nos vinhos mais vulgares das prateleiras dos supermercados. Esta casta de maturação tardia, que deve o seu carácter aristocrático aos grandes vinhos de Bordéus, não aprecia calor nem frio em excesso (nos climas mais quentes, usualmente, demanda rega), oferecendo pequenos bagos de cor azulada, grainhas grandes e pele grossa. O seu enorme carácter faz com que, onde quer que seja plantada, produza vinhos inconfundíveis (de traço comum, mas com nuances a reflectir os diferentes terroirs). Groselha, frutos maduros (nos pontos mais quentes), cedro e pimentos verdes (nas áreas mais frescas), são algumas das suas notas mais evidentes, em nariz e em boca. Taninos nobres permitem-lhe, geralmente, conferir certa longevidade aos vinhos.
Castelão
É uma casta caprichosa, que demanda condições especiais para revelar todo o seu potencial. Suporta particularmente bem o calor e a escassez de água e por isso aprecia clima quente, terrenos arenosos e secos onde, com produção reduzida é capaz de dar origem a vinhos de grande nível, concentrados, harmoniosos, com aromas quentes e especiados a frutos e ervas silvestres e com bom potencial de envelhecimento. Em terrenos férteis e húmidos, e em especial se a produção não é muito controlada, determina vinhos ligeiros, acídulos e com pouca cor.
Alicante Bouschet
É uma uva tintureira, ou seja, a cor está presente tanto na pele como na polpa da uva. É, sobretudo, utilizada para temperar lotes, conferindo grande concentração de cor, boa estrutura e poder de longevidade aos vinhos. Em condições favoráveis e com produções reduzidas, é também capaz de dar lugar a vinhos monovarietais de qualidade superior, com apontamentos a azeitona verde, mentol e muita sugestão química. Muito disseminada no Alentejo.
Baga
É uma casta especialmente caprichosa, de amadurecimento tardio, reclamando na vinha um labor rigoroso e constante. Em terrenos argilo-calcários de boa exposição solar, que lhe consintam amadurecer perfeitamente as uvas, pode produzir vinhos de primeira grandeza, com álcool, taninos e acidez, capazes de evoluir favoravelmente em garrafa (ao longo de muitos anos, por vezes décadas). Por outro lado, em terrenos férteis, onde é levada a produzir demasiados cachos, a Baga amadurece mal, resultando em vinhos magros, pouco alcoólicos, taninosos e muito ácidos. O caracter principal da casta, quando devidamente trabalhada, é a sua forte personalidade. Os melhores vinhos de Baga apresentam sempre acima dos 13% de álcool e são vinhos inconfundíveis: pejados de cor, com perfume de bagas silvestres, ervas aromáticas e resinas, cheios e concentrados, com uma boa estrutura de taninos e equilibrada acidez.
